|
Quantas
pessoas temem uma folha e um lápis
!
Muitas são as dificuldades que surgem
ao principiante que deseja redigir alguma
coisa, mormente quando constitui a transmissão
de uma mensagem de amor, encorajamento,
alegria. Quando consegue escrever várias
linhas, estaciona logo após. Troca
de papel, recomeça, joga fora. Às
vezes chega a revoltar-se por não
encontrar as frases adequadas às
idéias. Incertezas e dúvidas
predominam no início e no desenvolvimento
do tema . Mas a pessoa não deve desanimar.
Como todas as atividades humanas, a arte
de escrever necessita esforço e contínua
prática. É necessário
ter iniciativa, é necessário
escrever sempre. E, também, ler,
para desenvolver as idéias, através
do conhecimento de várias abordagens
de vários temas. Aprende-se escrever
escrevendo.
Vejam
o nosso conselho inicial : assim como o
alfaiate adquiriu traquejo como o manejar
da tesoura e um adulto , com o hábito
diário , conseguir manusear com facilidade
os talheres com que come à mesa,
também a maneira de exprimir os nossos
pensamentos, que se chama de estilo, depende
de uma prática diária. Aos
poucos ele recebe o polimento de uma educação
adquirida e evolui com aprimoramento. E,
então, depois de algum esforço,
um belo dia a pessoa se vê gratificada
e toda a sua fineza espiritual e cultural
se traduz nas frases que dirige aos seus
semelhantes.
|
|
Para
iniciar a tarefa de escrever e redigir bem, recomendamos
duas etapas. A primeira, anterior à fase
da escrita propriamente dita, compõe-se
de fazer um rascunho , elaborar um esquema daquilo
que se deseja transmitir e dedicar alguns minutos
de meditação sobre o tema escolhido,
para que lhe venham algumas idéias ou recordações
de fatos lidos ou vividos.
Ultrapassada essa etapa,
a pessoa deve se dedicar a três etapas :
1ª. - Invenção : é a
idéia central que surge ao indivíduo
quando medita. Separa-se, aí, o principal
assunto que desejamos abordar. E em torno dele,
imaginamos alguns outros pensamento que o enfeitem
ou lhes dê algum colorido interessante –
são as idéias secundárias.
2ª. – Planejamento : depois de eleitas
as idéias que nos pareçam mais interessantes,
deve-se passar a selecionar as que nos pareçam
mais interessantes, verificar se não há
repetição. A seguir, passa-se à
concatenação, que significa terem
todas elas um elo de relacionamento, dependência
e afinidade com o tema central e entre si.
3a. – Esquema : é uma orientação
que se deve dar para a colocação
das idéias. Deve-se verificar se a idéia
principal deverá logo ser colocada ou se
antes dela vai-se fazer uma preparação,
colocando-se uma ou mais idéias secundárias.
O critério de escolha poderá ser
lógico ou cronológico. Mas todas
elas juntas devem fazer uma unidade. É
o que se chama a unidade na pluralidade.
4ª. - Redação : finalmente
você chega à sua meta. Reflete no
papel, com a sua mão segurando uma pena,
um lápis, ou digitando uma máquina
de escrever ou um teclado de computador. Mas o
resultado será sempre o mesmo : bom ou
mal . Para que você chegue ao segundo resultado,
deve alcançar uma quinta etapa. A redação
tem três etapas : início, desenvolvimento
e conclusão
5ª. – Revisão : é o exame
da redação, no todo e em partes.
Examina-se a construção das frases,
analisa-se a correção gramatical.
Retoca-se, também, aqui e ali, alguma coisa
que não se acha tão boa. Se você
não gostar do que está escrito,
não desanime. Comece tudo de novo. Talvez
seja a idéia que não é boa,
talvez você deva ler um pouco mais, talvez
seja necessário rever as regras gramaticais
e de ortografia.
Diz-se que um texto é bom quando possui
os seguintes requisitos : naturalidade e espontaneidade,
clareza, forma literária, harmonia, originalidade
e simplicidade.
Não desanime. Lembre-se que mesmo os grandes
gênios da Literatura, como das demais artes,
também passaram por todas essas fases e
a sua genialidade só pôde exprimir-se
pela prática diária e constante.
Na verdade, o estilo é um dom e uma arte.
Mas também uma pessoa comum pode ter um
estilo agradável e trabalhar no seu desenvolvimento,
no seu polimento e, expressando suas idéias
para os demais, ajudá-los em suas experiências
existenciais.
Pedro
Alvarez Cabral
Medalha comemorativa dos 500 anos do Descobrimento
do Brasil |
O
escrivão Pero Vaz de Caminha , primeiro
cronista do Brasil, lê a carta que enviaria
ao Rei Dom Manuel, de Portugal |
|