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Crônicas da vida diária

"CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS"

Autora: Lia Pantoja Milhomens

09/09/2007 

 

 

 

                                               Ontem li uma reportagem na revista “Veja” desta semana, a propósito de   constantes discussões que  ainda  existem em  escolas adventistas,  sobre  a  real teoria da  origem  humana,  se a   criacionista, conforme  nos  dá notícia  o Velho Testamento , ou a   evolucionista, conforme  os  estudos de Charles Darwin.

 

                                               Há alguns  anos  adotei o hábito   de  meditar por  meia hora à noite antes  de deitar-me , a respeito dos acontecimentos  do dia, e, ao acordar,  pelo mesmo espaço de tempo,  e tenho  notado algum tipo de esclarecimento , pela manhã, sobre algumas indagações que me tenho feito antes de dormir.

 

                                                  Foi assim que, após    a leitura daquela  reportagem, meditei  sobre ela e, a seguir , caí  em profundo sono . Tive um  sonho    muito interessante, que  se iniciou com uma belíssima paisagem, em   um  local  maravilhoso, tendo ao fundo um enorme portal aberto, de onde saíam  dois  jovens  belíssimos,  um  rapaz  e  uma  moça, de mãos entrelaçadas , vestidos  com  uma roupa estranha, parecendo  feitas de grandes folhas  de vegetais verdes.  Em  todo o ambiente, fazia-se  ouvir,  em  um  som  que  mais parecia  música, inundando todos os recantos ,   e cujas palavras  apenas  se podia entender mas  não ouvir , uma  voz profunda e serena,  dizendo:  “Crescei e  multiplicai-vos!”. Então , cessada essa mensagem,  os dois, que correram e  ficaram durante ela com os   rostos cobertos com as mãos,  pararam . Com os olhos bem abertos, passaram a observar  o ambiente ao seu redor. Avistando-me, fitaram-me  e sorriram , convidando-me para prosseguir com eles uma longa caminhada. Assim, fomos os três caminhando e  conversando pelo caminho,  até  encontrarmos   uma  linda  floresta, com  plantas e animais meus   conhecidos,onde ficamos e, finalmente,  despedimo-nos.Durante o percurso, notei que o local  se tratava do  nosso planeta. Quando despertei, na manhã  seguinte, senti-me  tomada   de  uma vontade enorme  de  escrever  sobre o  que  se passara  naquela  realidade  onírica.

 

                                               Aquele sonho tratava de Adão e Eva, pareceu-me, mas  não como retratados  em   quase  todas as  ilustrações  em  livros  históricos e religiosos,  mas  no  momento  que  se seguiu à chegada  deles  à  Terra, já conformados com a determinação divina de  excluí-los  do Paraíso e convencidos de que deveriam construir  uma  nova  vida  naquela sua nova habitação, atendendo  àquela última  determinação que  receberam  do seu Criador.

 

                                               A chegada daquelas duas criaturas ao planeta Terra é uma segunda etapa  de  um mesmo acontecimento, não  muito  esclarecida em todos os compêndios teológicos  ou  históricos, que  passam da saída delas  do Paraíso  para acontecimentos com  os seus dois filhos, Caim e Abel, deixando  em branco  o período  intermediário.

 

                                               Como    explicava Rousseau,  em  sua  obra  “Contrato Social”,  há  certas  fases  da  História sobre as quais   não  se encontram  narrativas  ou  comprovações  científicas. E então  há  de ser  utilizado  o raciocínio filosófico para que se possa fazer  uma ponte  suficientemente resistente a críticas, entre os episódios anteriores  e  posteriores a elas. E, parafraseando-o, logo ao início do  Livro Primeiro, afirmo  que “entro  na matéria  sem demonstrar a  importância do meu assunto. Perguntar-me-ão se  sou  uma freira católica,um  bispo adventista ,  uma  teóloga,  para   escrever   a respeito de   teorias  sobre a  origem  da vida. Se fosse  uma  ou outra coisa, não perderia  meu tempo  escrevendo  esta crônica, apenas  para conversar com vocês,  mas estaria lançando uma teoria nova  e  defendo-a     diante  de bancas  examinadoras   e tentando convencer as pessoas a aceitá-las. Tendo nascido  como ser  humano,   cidadã   de um estado democrático, educada  e vivendo sob a doutrina cristã,  por  livre  escolha, embora fraca  seja a influência que  minha opinião possa ter sobre os assuntos  religiosos, o direito de sobre eles falar  basta para  impor  o dever de instruir-me  a seu respeito, sentindo-me feliz  todas as vezes medito” sobre as coisas  divinas, “por sempre encontrar, em  minhas cogitações, motivos para  amar   o  meu  Criador” . (Cf.  Jean Jacques Rousseau :Du Contrat Social ou Príncipes du Droit Politique, ed. C.E.Vaughan,Manchester,1947,início do Livro Primeiro).

 

                                               Expostas   todas as  razões  acima,   e aproveitando os conhecimentos  que a  moderna  ciência biológica tem colocado ao nosso alcance, aliada a uma grande experiência  no trato  com  o ser  humano dentro de seu aspecto mais  específico, o exercício  do  livre arbítrio, em razão  da  carreira  jurídica que  abracei , pude obter  uma nova visão  do   acontecimento  adâmico, teorizando sobre  a fase  intermediária contida no período da saída  do paraíso  e o da compreensão pelos dois humanos  de que  deveriam  reiniciar  as  suas vidas  , dando cumprimento à  ordem  divina  que  receberam   junto ao Portal : “crescei e multiplicai-vos”.

 

                                               Para  início, devo estabelecer  a  partir  de que  premissa  será analisada   toda  a  questão , sem  necessidade  de  remontar  a toda a história , pois é a mais conhecida  em todo  o mundo , analisando  duas hipóteses :

 

                                               Primeira Hipótese :

 

                                                   Se  considerarmos  a  Divindade  como sendo  autoritária, vingativa e irascível,  dentro  e fora do seu próprio Paraíso, então  se pode  encarar   o  Seu ato como tendo  sido  apenas  um castigo porque  o homem e a mulher  desobedeceram a Suas determinações  e também  desejaram  saber  segredos que  não podiam alcançar (um Deus digno apenas de ser temido,  na forma como no-Lo  apresenta toda a narrativa da  senda  humana  no  Antigo Testamento).

 

                                               Sob essa visão ,  a  saída do Paraíso  e a Sua ordem   para que  os humanos  crescessem e se multiplicassem , foram  um castigo   pelo que  se chamaria  de “pecado original” , ou podem ser  interpretadas  como uma  maldição sobre aqueles dois  e todos os seus descendentes. Mas , segundo essa interpretação, não se terá  uma  explicação para  uma outra face do mesmo acontecimento : se eles foram criados com o livre arbítrio,  segundo a vontade do  Criador,  onisciente que é , sempre soube que seria desnecessária essa qualidade, se eles  não tivessem de ser  nunca submetidos a nenhum dilema,  ou que, se submetidos , sempre  o resolveriam conforme a Sua  vontade   - neste último caso, não haveria liberdade de  uma dúvida na valoração pessoal e, portanto,  não existiria livre arbítrio. A decisão   diante  do  dilema apresentado pela “serpente do paraíso”, deve-se entender,  não agradou ao Criador --    eis que o livre arbítrio do homem não funcionou corretamente, conforme  o Seu desejo. 

 

                                               Por  outro lado,  pergunta-se : se não  gostou  do resultado  da  Sua criação, nada  impediria o Criador   de exterminá-la, a não ser  Sua própria vontade,porque  é onipotente. Por que, então,  resolveu  livrar a espécie humana  da extinção naquele momento, em que  eram apenas  dois  indivíduos  e  não podiam ainda causar danos  aos outros seres,  e até determinou seu crescimento e multiplicação – seria para que servissem de exemplo a todos aqueles que   ousassem desobedecê-Lo,  ou, então,  apenas por  piedade? E, por que,  tendo  o poder  de  transformar e  melhorar, poder esse contido  no próprio poder de criação,  Ele  não  fez,   simplesmente,  uma pequena  modificação  no DNA  de Adão e Eva  e, a seguir , os  devolveu à vida  paradisíaca, mas se contentou  em vê-los proliferarem  como  os ratos  ou coelhos  e   permitiu que seus descendentes  se tornassem   os maiores  predadores  deste  planeta, temidos por todas as outras espécies também obras de Sua criação?  Alegue-se,,   por oportuno,  que  o DNA da “serpente do paraíso” , no mesmo  episódio, foi modificado por Ele,  pois  ela,  segundo a narrativa bíblica, que até então caminhava, passou a   se arrastar  pelo chão, como atualmente o fazem todos  os da sua espécie. Vê-se, assim,  que Sua idéia  foi de aproveitar ambas as suas criações .Mas , segundo essa hipótese, uma  pergunta  fica sem resposta :  por que será  que a serpente teve  de  pronto sua forma física  modificada e o humano, segundo a  mesma narrativa,  pelo  menos naquela ocasião  não a teve?

 

                                             Portanto, de acordo com essa primeira hipótese, só se  pode  concluir  que Adão e Eva  já foram  criados, desde o início, perfeitos e completos e por isso mesmo seu ato foi  uma  rebelião  contra seu  próprio Criador. Diante  dessa rebelião e da reação divina  de expulsá-los do Paraíso, também   se há de imaginar  que Ele teria uma  razão  para determinar o seu crescimento e multiplicação -   sendo Ele  onisciente,  não tinha também plena consciência de que, mantidos naquele estágio, sem qualquer evolução, com a inteligência que  lhes  deu  e  um defeituoso livre arbítrio,   eles e todos os seus descendentes se tornariam, mais tarde, os piores   e mais numerosos  predadores do Planeta  Terra ,  e depois, de todo o Universo,  levando a destruição a todas as outras espécies  e  coisas  por  Ele criadas?

 

                                                   Dentro dessa hipótese existem inúmeras  indagações sem resposta, principalmente   aquela relativa ao fato de  termos sido criados à  imagem e semelhança  do Criador, se  somos  tão imperfeitos, sendo Ele a Perfeição Máxima. Talvez essa imperfeição tenha sido  intencional por Ele. E  tenha sido mesmo por causa  dessa  imperfeição  que   não  tivéssemos entendido Suas  determinações , dentro e fora do Paraíso. Defeituosos  desde o início , nosso  defeito  ainda estaria  persistente  até esta data, e   por  isso mesmo,  não pudemos  nunca compreender  o que  nos  era  determinado  por Ele , e não   pudemos  agir como era esperado de nós, até mesmo diante da atividade   salvadora  que cumpriu entre  nós o seu Enviado.

 

 

                                               Enfim,  de acordo com a teoria  criacionista, sem  se admitir  a hipótese  de  evolução,  estaríamos  fadados a continuar eternamente como seres defeituosos  pelo  próprio DNA  adâmico,   transmitido  até  o fim dos  tempos, a todos os seus descendentes,o que  estaria  em contrário  ao nosso conhecimento de que Deus é infinitamente Justo. Por outro lado, estaríamos  alijados  da  lei da  natureza  de seleção  natural das espécies, e , portanto,  incapazes  de  cumprir  a ordem Dele  de crescermos ---  ela  só  poderia ter sido dada  no  sentido evolucionário, pois  se Adão e Eva  tivessem sido  criados adultos, perfeitos e acabados ,tanto física quanto moralmente,  não haveria  motivo  para  ela ser dada.   

 

                                                    Segunda hipótese :

 

                                               Se  considerarmos a Divindade como  sendo justa e  amorosa, onisciente ,onipresente  e onipotente, na forma em   que  no-la apresentou  Jesus Cristo   nos relatos do Novo Testamento, então se pode encarar  o Seu ato  como  representativo de uma segunda etapa  no processo criador do humano, na qual esta espécie  deveria desenvolver características especiais   morais e psíquicas - uma  oportunidade  compulsória   para   a sua evolução . Neste caso,  não foi o fato da desobediência  que O fez entender que sua criação não estava completa , mas  sim , a constatação de que  o homem e a mulher ainda não  haviam  atingido o estágio de  desenvolvimento necessário à plenitude de sua criação. Se os desejasse  seres  inteligentes mas  incapazes de contestar,  de decidir conforme sua própria e única  avaliação, Ele os  teria feito exatamente como os anjos, que, por terem  em  si mesmos  grande parte de Sua essência, não necessitam analisar  suas ordens para cumpri-las, pois já a compreendem desde o início e  por isso  as cumprem sem  qualquer indagação; já ao  humano,  que  não tem a Sua essência, mas apenas  semelhança, é que  foi dado ,como compensação,  o    livre arbítrio,  que    implica  em  um juízo de valoração    para poder  ser  exercitado .E esse  juízo de valoração só pode  ser feito perfeitamente  se o seu detentor possuir, também, uma perfeita  capacidade  de avaliação,  que  não pode  ser  adquirida de fora  para  dentro,  ou seja,  dada também  pelo  seu Criador, ou por outro ser, no caso a serpente,  mas  há de ser desenvolvida  pelo  próprio humano, como qualidade  intrínseca, obtida por experimentação - aí,  sim, podemos   compreender o episódio da  proposição da  serpente  como  um  teste  de qualidade à semelhança  do que os fabricantes fazem   em seus produtos hoje em dia  antes  de colocá-los à disposição  do  mercado. O  episódio da  “expulsão do paraíso”  seria então,uma  forma de propiciar aos dois humanos um ambiente  em fase evolutiva também, em cujo inter-relacionamento  teriam  a necessária oportunidade  para  adquirir  experiência e  desenvolver seu  juízo de valoração , podendo-se  entender claramente que  esse  foi  um ato de amor, e, não, de vingança. Certamente alguma razão ocorreu ao Criador para  fazer  um ser à sua imagem e semelhança,  com a inteligência dos anjos, mas desprovido  de Sua essência, com características de animais, mas provido de livre arbítrio,  e,  certamente, ao imaginá-lo dessa maneira , também  reservou  para ele  determinada  finalidade que, àquela altura, demonstrou ainda  não ter a  capacidade de  atender. Atingir  a plena capacidade para  atender  as finalidades do Criador, embora  não saiba quais são elas,  é um dever do ser  humano, e, certamente,  isso faz parte de  um plano evolucionista.

 

                                                           Em qualquer  uma  dessas  duas hipóteses,  o que  é  de todo certo é que   um  ser  tão  inteligente  jamais  daria  uma  duplicidade  de  ordem em  uma  mesma  frase, ou seja, não diria palavras vãs e não cometeria  pleonasmo  : logo,  crescer  certamente  está  empregado  em  um sentido  completamente  diferente  de   multiplicar-se.  Isso porque,  se  considerados Adão e Eva como   produtos acabados,  como teriam sido na  primeira hipótese , eles  não  poderiam  mais crescer  individualmente nem  no sentido físico nem  no moral  - e aí,  realmente ,  não  se  poderia falar  em  evolução  e  os  Adventistas  teriam  toda  razão  em  não aceitar  qualquer  teoria  nesse   sentido, pois contrariaria completamente   a idéia de que  os  humanos  já teriam sido criados  com o aspecto  físico e  moral que  possuem atualmente.

 

                                                           De qualquer forma, alguém  poderia  dizer-me que  , em  sede  científica,   uma  teoria  somente  se tem  como  verdadeira quando  é comprovada    e que, por  isso mesmo,  se a criacionista    não resultou provada,  também  a evolucionista  ainda  não o logrou e, sendo assim, a que  parece mais lógica a  uns  pode  não parecer  a outros e, enquanto qualquer  uma  não for  provada ,  não  se  pode  condenar   ao extermínio  nenhuma delas. Há  quem , no meio científico, não sendo   adepto  do  credo adventista,  afirme   que a teoria evolucionista se aplica apenas    aos  habitantes  de Galápagos,  a  ilha  estudada  por  Darwin, e  nisso  se baseiam  os que decidiram   aceitar  a “Teoria do Desenho Inteligente”.

 

                                                           A partir dos anos 80 do século passado, com o evento da nova biologia, muitos cientistas  , biólogos , matemáticos e filósofos, reavivaram uma teoria do século XIX, desenvolvida  por William Paley e Richard Dawkins, apresentada no livro “O Relojoeiro Cego”, e,  com  alguns aspectos  de modernidade, formularam  a teoria do Desenho Inteligente – que nem aceita o criacionismo, que dizem ser religião e não ciência  , nem o  evolucionismo, que acusam  não ter  método científico. Eles afirmam que  se pode verificar, no mundo,  a existência de  “específicas complexidades” a indicar  a presença de  um desenho inteligente, especialmente nos  indivíduos orgânicos, muito mais complexos do que os inorgânicos. Para eles  o desenhista  inteligente não seria  necessariamente Deus, até  porque alguns dos seus adeptos, como   Dawkins , são ateus  e outros,naturalistas,  entendem que  a própria seleção  natural se encarregaria de  desenhar  essas  fórmulas orgânicas complexas. E que esse desenho seria feito  a partir de moléculas, onde, sim,  se operaria a função  da natureza   desenhista. Mas também não aceitam a seleção natural, por entenderem que  organismos  excessivamente  complexos  não podem ser originados de mero acaso e nem poderiam ter sido  feitos ao mesmo tempo, como se entenderia no criacionismo, ao passo que  outros  entendem que  existe  o Grande Desenhista, em última análise, o Criador, ou Deus.  Seus  representantes mais proeminentes  em nossos dias são  Michael Denton, Michael Behe, Philip E. Johnson, dentre outros.         

 

                                                           Por outro lado, alguém há  de me recordar  que  em  nosso planeta  não existem apenas  seres bons e prestativos,  mas, também,  predadores,  em todos os ambientes, e nem por isso podemos dizer que eles  não  estão em processo avançado de evolução. E que, sendo   o ser  humano apenas  mais  um deles, também não posso  apresentar  esse argumento  para dizê-los inacabados. Ao que, de pronto,  replico    ser  de conhecimento   científico  e filosófico  que  os  demais  seres  terrestres, especialmente os predadores, não são   dotados  de  livre arbítrio e, sendo assim, não têm eles o dever de fazer  uma avaliação e, como irracionais, não têm discernimento sobre o que seria o bem e o mal. A respeito da indagação sobre o que  seria  o bem e o que seria o mal,   não  vou  penetrar  em nenhuma discussão sobre assunto de tão alta  indagação teológica e filosófica,  porque  esse assunto  é  indiferente aos fundamentos do  criacionismo, do evolucionismo ,  ou do desenho inteligente, pois não é ponto abrangido por  nenhuma dessas  teorias.

 

                                                           À luz  da  linguagem  da genética,  podemos, além disso,  dizer de outra forma, que ,  quando   se  fala  que  foi criado  primeiro  Adão  e  depois  Eva ,  de  um  pedaço  daquele,   também  não  se  pode  negar completamente ,  que  esses  nomes   estariam  sendo  dados a    dois  DNAs,  tendo  sido  construído  o  do  macho  primeiro e depois,  o da fêmea, acrescentada   neste  segundo  uma característica que  seria do primeiro  e que lhe   ficou faltando, e que ficou a mais no segundo   — e por  isso  a alusão  a que  a  mulher tenha sido criada a partir  de um pedaço retirado  do homem.

 

                                                           Ora,  dirá  grande parte das  pessoas,  se  Adão e Eva  foram feitos à  imagem  e semelhança do Criador, não haveria necessidade  de  um DNA particular  para eles. Ainda aí  posso responder que nenhum  humano  é  capaz de conhecer a verdadeira aparência  divina, até porque  o nosso  cérebro,  no estágio em que  se encontra,  não tem condições   de  poder conceber a  verdadeira  natureza do Ser  Divino,quanto mais a sua aparência — nós , a partir do judaísmo e  durante toda a história do cristianismo  é que  , no  decorrer  das épocas, decidimos  dar a Deus  a  nossa própria  imagem e,  a partir dela  , dá-la a Adão e  Eva. Mas  todas  essas representações  que  sempre fizemos foram apenas ilações  das  nossas  próprias  mentes. E o atual DNA dos humanos é quem lhes dá essa aparência dos dias de hoje,  sendo esse  um fato comprovado cientificamente e não mera  imaginação. Apenas para argumentar, digo-lhes que ,  se  nós, ocidentais, tivéssemos  o aspecto  de  orientais,  como os chineses, teríamos   idealizado  tanto  a  figura de Deus  quanto a de Adão  e Eva , com as mesmas características  de  chineses .  Já  o maometanismo,  que  é a outra  religião  monoteísta , procedente da raiz  comum judaica, não  faz   representações figurativas  de   Allah, que é o nosso mesmo  Deus,  e nem por  isso  Ele deixa  de ser  o mesmo  Ser Supremo que amamos e adoramos.

 

                                                           Outros argumentarão que  ainda  não  está estabelecido  cientificamente , se há   reais diferenças  entre o atual  DNA  humano  e o daqueles  que  iniciaram  a  humanidade — o  aspecto  externo  é de somenos  importância, se é isso que  tanto  incomoda a muitas  pessoas — ,  e , por outro lado, também  não há provas suficientes de que realmente houve um  aumento do nosso cérebro, lembrando-nos que, há alguns anos, tínhamos o homem de Neanderthal como nosso antepassado, mas há pouco tempo essa hipótese foi descartada,  como poderão, ainda ,  ser  descartadas  outras tantas de caráter evolucionista.Enfim,  pouco  sabemos  para que  possamos afirmar a   veracidade de  uma  e o erro  ou lacunas em  teorias atualmente aceitas. 

 

                                               Poderá  alguém  , digamos , um  ateu convicto, que nega a existência de Deus, dizer   que  o criacionismo  não  existe simplesmente  porque  Ele não existe. Mas  a própria  inexistência de Deus que ele  alega não é senão  uma teoria que nem ele mesmo conseguirá  provar . Para alguns, até, o ateísmo é  uma religião daqueles que não aderem às regras das religiões (eles seriam praticantes  de regras irreligiosas ,como o Humanismo, o Racionalismo e o Agnosticismo), uma religião não teísta. Baseado  em uma teoria não comprovada (a que prega a  inexistência de Deus) um indivíduo não consegue demonstrar qualquer uma outra , o que seria inconcebível  concebível nem pelo método científico nem pelo filosófico. A própria teoria do desenho inteligente  é aceita tanto por teístas  quanto por ateístas.

 

                                               Imaginemos, então, Adão e Eva no dia seguinte  à sua exclusão do  Paraíso,   tendo   já  divisado toda a beleza  e esplendor  do planeta  em que  se encontravam,  onde  também   havia  meios para  sua subsistência. Devem ter  compreendido que, para  obtê-los,  necessitavam de  desenvolver  habilidades. E  pensemos em  nós,  hoje. Também continuamos  a  necessitar sempre de desenvolver habilidades — quer  no campo  material, para apenas  existir, quer  também  no  moral — , para satisfazermos  aquele  plus que  nos foi  dado pelo Criador  , para  podermos  desfazer todos os nós  das dificuldades que  nos amarram e  prejudicam  psicologicamente.Porque  o ser  humano  não  é  composto  apenas   de matéria, mas também  de  psique. E se  não há  um desenvolvimento  também  da   psique, par e passo com o tecnológico, não pode  a humanidade  considerar-se suficientemente  evoluída  para   bem aplicar  o seu livre arbítrio, notadamente no uso  das  novas tecnologias  descobertas — desenvolvimento é sinônimo de evolução, e no caso humano, abrange  esses dois aspectos.

 

                                                Se ainda há o que desenvolver, não podemos considerar  uma coisa ou uma pessoa como  perfeita e acabada. Só para ilustrar, pensemos no telefone celular e no computador. Até meados do século passado , essas novidades tecnológicas  não haviam sido distribuídas em público. A partir do momento de seu aparecimento, as pessoas  que não os conheciam tiveram de  adquirir novas habilidades  para  manuseá-los e  para poderem participar  da vida  civil e comercial que se modificou com o  advento dessas invenções. E , simultaneamente, formou-se  o fenômeno da globalização — quem  não  adquiriu ou não vier a adquirir  a  necessária condição  para  se  comportar  conforme a exigência  das novas situações   criadas  por esses  eventos estará  completamente alijado , em futuro próximo, das novas  benesses  da vida em sociedade em nossos dias . Até  eu mesma, se  não tivesse  aderido  ao uso  dessas novidades  e aprendido a  utilizá-las , não poderia ter  criado  e desenvolvido o IEJU-SA, que  é um Instituto Cultural  com utilização essencial da realidade digital e da Internet, para  estabelecer o inter-relacionamento  nacional e  internacional,  e nem se  poderia idealizá-lo se essas novidades tecnológicas não existissem, e  nem  concretizá-lo, se  os seus administradores  não tivessem desenvolvido as necessárias habilidades.  Isso tudo  é, sem dúvida, um aspecto de uma  evolução,  e a escolha da  finalidade para  que  as   habilidades adquiridas  vão ser  utilizadas, sim,  é um outro aspecto dessa mesma evolução  e faz parte da aplicação de um juízo de valor  necessariamente desenvolvido para o bom  exercício do livre arbítrio.  

 

                                                    Segundo uma abordagem menos  mística e mais racional, pode-se  imaginar Adão e Eva  colocados pelo Criador diante do  dilema da serpente   para aquilatar  se estava completa essa  sua criação, mais complexa do que as demais, ali naquele Paraíso (cabe aqui lembrar  que o fato da  existência  de seres  mais complexos do que outros é o  fundamento da teoria do “Desenho Inteligente”). Também  podemos deduzir que havia outras criaturas  igualmente complexas a quem   testes  também foram apresentados e que  lograram ser  aprovadas   - somente nos contaram  o  nosso caso, por  ser apenas  ele, aparentemente, de interesse para nós. Tendo  o Criador constatado que  o livre arbítrio humano  funcionava, constatou também  que faltava ao humano  desenvolver uma capacidade  intrínseca a ele mesmo, não só de  fazer a opção, mas  de bem  se conduzir na sua escolha, e esse desenvolvimento   somente  pode ser feito  com  a evolução dessa capacidade, que é  moral e ética, relativa à psique. Este desenvolvimento não pode ser  colocado  de fora  para dentro do  indivíduo , mas deve  brotar  da semente intransmissível da experiência individual de cada um, de dentro para fora, pois!.

 

                                               Pensemos : e  se a esta altura  o Criador  resolvesse   acreditar  em nós,  que  nos consideramos   tão perfeitos, e entendesse também dessa forma ?  E que  por isso não nos submetesse a nenhum teste de qualidade e nos reconduzisse de pronto ao Paraíso? Será que dentro  de  alguns  anos  não teríamos   destruído  também  o Éden,  assim  como estamos fazendo com a Terra? E  se  Ele  resolvesse  nos  submeter a  um  teste,  digamos, assim parecido  com  o teste    a que  fomos submetidos,  nas  pessoas de Adão e Eva,  naqueles  imemoriáveis tempos  -  será  que  não faríamos  pior do que aqueles dois ?  Aqueles  dois  retiraram  apenas uma maçã  da árvore do conhecimento.E nós , será que  nos contentaríamos  apenas  com  um pequeno fruto  ou  seríamos até  capazes  de jogar  uma  bomba atômica  em todo  o Paraíso, só  para nos apossarmos de todo o pomar ?             

 

                                               Na verdade, quer abracemos uma ou outra teoria sobre a nossa origem, chegaremos  sempre à conclusão de que a espécie humana,  como um todo,  está  na idade infantil , pois  ainda  não cresceu moralmente ,  e  muito se  multiplica. Crianças  curiosas e desobedientes, são essas pessoas que teimam em  não evoluir  moralmente,  ficando  incapazes  de   fazer  um juízo de valor acertado, munidas de  tecnologias perigosíssimas, sem discernimento para o seu uso, tornando-se   destruidores do meio ambiente ,  não conseguindo  enxergar o próximo  com respeito, submetendo-o aos horrores  da guerra , da fome,  da falta de  instrução e negando-lhes oportunidades  de  chegarem ao estágio tecnológico que já alcançaram :  estas pessoas , quando detêm o poder, apresentam-se como um grupo poderoso,  permanecem aborrecidas e lamentadoras,  pensando  ainda como Adão e Eva antes da queda, e  não atendem às  leis da Natureza, desnecessárias a seu ver, impostas por capricho de um Criador que  não  deseja  ser  assemelhado. Esse ponto de vista empata  a sua  evolução e a  dos demais que dependem  materialmente  de suas decisões para qualquer desenvolvimento pessoal ou coletivo.Se, por outro lado, todos já nos tivéssemos   tornado adultos,  no sentido da ordem divina  para crescer (física e moralmente),sem  dúvida a única opção  sensata ,poderemos   estar  completamente responsáveis e adultos e então   fazer a escolha acertada, segundo o conceito do Criador e da Natureza. Este fato  será apurado em um próximo teste que nos venha a ser  colocado, pois se assim  não o fosse , não haveria  necessidade  de  terem vindo  tantos  homens  santos, especialmente  Jesus  Cristo,  para  nos ensinar “o caminho, a verdade e a vida” . Caminho para  onde ? Somente para  um lugar  , ou seja,  o Paraíso , onde quer que ele esteja  ou o que  quer que ele signifique.

 

                                               Individualmente, existiram e ainda existem  seres  humanos terrestres  muito evoluídos, mas a  evolução de uma espécie não  se conta por um  ou vários representantes, que, enquanto  não formam a maioria, são  considerados apenas  “mutantes” , “esquisitos” ou “desequilibrados”, sendo  até  muitas vezes desconsiderados e escarnecidos  pelos seus irmãos. Àqueles  que  já  enxergam bem o descalabro existente,  cabe  o dever  moral de alertar  os  demais. O maior dos Profetas e Enviados , há mais  de dois mil anos, bem  no momento  de sua  morte,  deixou ainda  esse clamor  de alerta, não exatamente para Deus,  que  tudo sabe,  mas  para  nós ,  capazes  daqueles  horrores  que contra ele praticamos e  outros mais que ainda  hoje  continuamos  a praticar : “Pai, perdoa-os, pois eles  não sabem o que fazem”. Ora,  somente  não sabem  o que fazem, e  por isso mesmo devem ser perdoados, os loucos  de todo gênero  e as crianças. Até entre povos menos aculturados   do nosso planeta  não  são dadas penas a     esse tipo de pessoas,  consideradas irresponsáveis, as primeiras  por  incapacidade total  de  raciocínio psíquico  e  moral e, as  segundas,  por não poderem se conduzir segundo esse entendimento, ou seja,  falta  de desenvolvimento moral e intelectual .  Devemos, pois,  entender  que   a humanidade, como um todo, não está  no primeiro caso,  pois  , com  o poder  divino  de  cura que  Jesus  possuía  e  com a evolução tecnológica que   hoje  em dia  existe,  ela  já teria sido curada  há  muito tempo  e não teria  sido necessário aquele  Seu  inimendisionável  sacrifício  na  cruz,  para  a  nossa salvação. Sim,  ele foi realizado  porque, para   livrar-nos  desse torpor  horrível  em que  estamos ainda envolvidos, foi necessário  um acontecimento   de igual grandeza   de sofrimento.E esse  despertar  seria, sim, a nossa salvação. Mas  parece que  a grande maioria das pessoas ainda não compreendeu sequer o significado de tão grande sacrifício.

 

                                               Agora,  que  já  entende a  humanidade a existência  de  outros  planetas, outros  universos,  sente-se  impelida a conhecê-los,  a  visitá-los, a se adonar deles,  eis que  o nosso planeta  está quase  todo destruído  por  ela  mesma  ,que  tem necessidade  de  estender  suas  fronteiras. Mas continua  com o mesmo pensamento  da época dos  Grandes Descobrimentos   :  julga  que  não existem  outros  seres evoluídos   nesses  novos lugares , e se alguém , pelo raciocínio lógico ou  por  outra via consegue colocar outras pessoas  ao menos  na dúvida,  de pronto estas  afirmam que,  se for realidade essa afirmação, esses seres nos  serão inferiores. Com esse  pensamento,  já começamos a era espacial , levando  um preconceito contra  eventuais   povos  a serem  encontrados,  que , se o forem, fatalmente  , deverão  ser  diferentes  de nós,  até  porque  os ambientes  em que  estarão vivendo  é  diverso  do nosso,  tendo dado  aparecimento  a  outras formações  da Natureza.  Munidos ainda  da  agressividade   infantil , pois não conseguimos   nem  conviver pacificamente  dentro do planeta Terra, como decerto o  faríamos se fôssemos adultos.

 

                                               Se, por hipótese, nos depararmos com   outras  civilizações,com esse comportamento irresponsável que  possuímos  -  repetiremos  o que fizemos  aos maias, aos  astecas,  aos  incas  e a  outros,  nas Américas?  Ou então,  antes  que  o façamos,  seremos    impedidos  por  seres  muito  superiores a  nós ?

 

                                                Nós, ocidentais  e orientais  monoteístas, deturpamos  a  ordem divina  e cumprimos a  segunda parte  da  mesma,  sem cumprir  a primeira,   condição essencial para a segunda,  alegando  que   a  mesma  se referia  ao completo  desenvolvimento da capacidade  física e reprodutiva  e  nos  multiplicamos indiscriminadamente  neste  querido  planeta  como  pulgas, ratos  ou coelhos,  sem ao menos  indagarmos  se  já  possuímos  condições de conviver , como  se espera de  um adulto ,  ou  se  ficaremos  sempre  esperando  a chegada de um “salvador” para conduzir-nos  pela  mão  como se faz  com crianças ou  apascentar-nos,  como se faz  com  as  ovelhas  ou o gado. Esquecemo-nos  de que  toda a mensagem  dos  enviados  por  Ele , nossos Mestres,  desde o início de nossas civilizações,  foi  de que  devíamos  ser  ensinados,    mas  o  dever  de  assimilar as  lições e  galgar   etapas mais elevadas   em  nossa  formação  era   apenas  nosso – se  não fosse assim,  se  o   ser   humano,  como um todo,  necessitasse  sempre  de alguém  que  o  guiasse  ou se  sacrificasse  por  ele, num eterno   círculo vicioso,  então  vem de pronto a seguinte pergunta :

 

                                                Por que  seria então,   cada  um de nós , humanos terrestres,   munido  do livre  arbítrio?

 

                                               E se  estivermos   colocados  diante  do  nosso segundo dilema  , agora,do jeito em que colocamos  nosso planeta : seria a nossa decisão correta  como    um segundo   rito de passagem, da idade infantil para a idade adulta, ou talvez  a nossa  perdição eterna? Poderemos  demonstrar  o nosso  estágio evolucionário  de acordo com um dos  três resultados : ou o encontro do caminho de  volta ao Paraíso (em síntese nosso objetivo final, apesar  de  não  sabermos  exatamente no que  ele consiste) , ou  banimento do planeta Terra para outro local  (uma segunda oportunidade), ou  o sermos  destruídos totalmente, como espécie que  não deu certo (uma  espécie incapaz de atingir sua finalidade).

 

                                               Ao final de minha meditação , só  pude concluir  que  devemos crescer moralmente  com urgência para, responsavelmente,  como adultos,  com nosso livre arbítrio, decidir  se  desejamos  que a humanidade  terrestre seja   conhecida ,  no restante  do Universo,  como  uma onda  de gafanhotos  que  onde  chega tudo destrói,  ou  amantes  da  paz,  capazes  de ensinar alguma coisa  e  aprender muito mais ,  e de  participar plenamente  dessa  maravilha que  é a Vida,  no seu mais amplo sentido.  


                                                                               

 


 

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